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Não é por teimosia (nem por obsessão) que o tema mobilidade urbana é sempre um assunto recorrente por aqui. Por trás das polêmicas que envolvem o funcionamento de serviços de transporte individual por aplicativos, como o Uber, existe um bilionário jogo financeiro. Para se ter uma ideia ao que nos referimos, na última quinta-feira (12), a Apple anunciou ter feito um investimento de 1 bilhão de dólares no Didi Chuxing, serviço de carona remunerada que domina o mercado chinês.

Didi Chuxing é o maior rival do Uber na China, respondendo por 87% do mercado local. A empresa afirma que domina 99% do mercado chinês de reservas de táxis on-line e mais de 85% do setor de reservas de veículos privados com motorista, com cerca de 300 milhões de usuários registrados, totalizando a incrível marca de 11 milhões de corridas por dia.

Mas o movimento é mais complexo do que parece. Ao entrar no capital do aplicativo Didi Chuxing, a Apple se aproxima das 2 grandes empresas de internet da China que respaldam o aplicativo: a Tencent, operadora do serviço de mensagens WeChat, e a Alibaba, número 1 do comércio online no país. Por outro lado, a empresa chinesa ganha um (belo) fôlego para lidar com o êxito do Uber, que desde que chegou à China no início de 2014, já alcançou quase 15% do mercado.

Entretanto, o sucesso do Uber na China é relativo, já que se baseia em colossais investimentos, necessários para subsidiar os trajetos de seus clientes e aumentar, assim, sua base de usuários. Essa estratégia tem um custo pesado para a multinacional americana de transporte privado. Recentemente, o Uber anunciou que perde cerca de 1 bilhão de dólares por ano na China.

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A companhia asiática informou que, embora já tenha levantado bilhões de dólares anteriormente, este foi o investimento individual mais importante” que Didi Chuxing já recebeu. O novo investimento coincide com um momento de notícias ruins para a Apple: depois da queda nas vendas do iPhone no último semestre, na quinta-feira (12) a empresa perdeu o posto de número 1 em capitalização na bolsa em todo o planeta para a gigante da internet Alphabet, matriz do Google.

Para a Apple, a chamada “China continental” — região que compreende Macau, Hong Kong e Taiwan — representa o segundo maior mercado consumidor da empresa, atrás apenas dos Estados Unidos. Recentemente, a a companhia viu a redução de sua participação no mercado de smartphones, por conta de concorrentes locais, entre eles a Xiaomi e a Huawei.


Em entrevistas à agência de notícias Reuters, o CEO da Apple, Tim Cook, afirmou que há uma série de “razões estratégicas” que justificam o investimento, mas que obviamente a empresa quer ter retorno financeiro com a aposta. “Prevejo muitas oportunidades para uma cooperação mais profunda entre a Apple e a Didi Chuxing“, declarou.

No complexo jogo empresarial, cada investimento é como o movimento de uma peça. Com montantes cada vez maiores, a única certeza que temos é que o “tabuleiro” mais disputado leva a bandeira chinesa.